Na última semana, o adolescente Genilson
Protásio Filho ingressou no curso de técnico em informática do Instituto
Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), tendo sido aprovado em
primeiro lugar, entrando pelas cotas destinadas a pessoas com deficiência. Ele
se tornou o primeiro estudante com síndrome de Down da instituição.
A escolha do curso e a decisão de participar do
seletivo foram do próprio estudante. Ele não escolheu a formação por acaso.
Desde criança, o adolescente demonstrou facilidade com jogos eletrônicos e
informática, tanto que a família lhe deu um computador e agora comprará um
tablet, que é necessário para o curso do IFMA. “Eu sempre gostei de mexer em máquinas,
de desmontar os brinquedos para saber como eles funcionam”, revela Genilson
Filho.
Mas foi a direção da Escola Educar, percebendo as
habilidades de Genilson para a área, já que no 9º ano ele participou da turma
de robótica, que sugeriu à família que o estudante prestasse seletivo para uma
instituição de ensino que também oferecesse curso técnico. “Eu fiquei na dúvida
de onde matriculá-lo, pensei até em colocá-lo em alguma escola privada, mas
conversamos com ele e ele escolheu fazer técnico em informática no IFMA”, conta
Rosanilce Ribeiro, mãe de Genilson Filho.
Quando O Estado chegou em sua casa para a
entrevista, ele conversava com amigos pelo celular usando o aplicativo de
mensagens instantâneas mais popular da atualidade, o WhatsApp. “A gente percebeu
desde cedo que ele gostava e tinha habilidade em informática, mas nós também
sempre o incentivamos, tanto que compramos um computar e demos um celular”, diz
Rosanilce.
No dia do seletivo, ele teve uma hora a mais para
responder às questões e contou com o auxílio de um ledor para poder preencher o
gabarito da prova. As aulas no IFMA começaram dia 22 de janeiro, mas só na
quinta-feira (6) Genilson começou a frequentar o curso. No início da semana,
ele e a mãe foram até o IFMA conhecer as instalações da instituição e seus
colegas de turma, a quem já foi devidamente apresentado. “A gente também
conversou com a psicopedagoga do IFMA para saber como serão as aulas”, informa
a mãe.
Perfil – Genilson Filho é um adolescente
introspectivo e, em seus momentos de lazer, gosta de ficar em casa jogando
videogame, mas, junto com a família, ele participa de atividades que promovam a
inclusão social de pessoas com algum tipo de deficiência. No ano passado, ele
foi eleito presidente da Juventude do Fórum Municipal da Pessoa com
Deficiência, em São Luís, movimento iniciado pelos seus pais após o seu
nascimento, e participa de diversos eventos pelo estado. No mês passado, ele
acompanhou o pai ao interior do estado, onde foi implantado mais um conselho
municipal.
Especialistas destacam que não existem graus de
síndrome de Down. O desenvolvimento dos indivíduos com a trissomia está
intimamente relacionado ao estímulo e incentivo que recebem, sobretudo nos
primeiros anos de vida. E o apoio dos pais foi fundamental para que Genilson
Filho pudesse desenvolver suas habilidades. “Genilson nasceu de oito meses.
Quando ele nasceu, a gente não sabia nada sobre a síndrome de Down, mas os
médicos sempre disseram que Genilson podia ter um desenvolvimento normal, então
nós procuramos entender o que era a síndrome”, conta Rosanilce Robeiro.
O primeiro contato da família com alguma fonte de
informação fora dos consultórios médicos foi por meio do livro Muito prazer, eu
existo, de Claudia Werneck, o primeiro livro escrito no Brasil sobre síndrome
de Down para leigos. Então, em 1998, quando Genilson tinha apenas 2 anos, a
família começou a participar de fóruns, eventos e congressos. “Eu fui a um
congresso em Brasília e vi muitas pessoas com síndrome de Down fazendo dança,
teatro e uma série de outras atividades comuns, então eu disse que queria que
meu filho fosse uma criança como todas as outras”, lembra Rosanilce Ribeiro.
Ambiente escolar – Se a busca por informação e
incentivo por parte da família é fundamental para que a criança com síndrome de
Down possa se desenvolver, a inclusão no ambiente escolar é necessária para que
ele aprenda a viver em sociedade. E este foi outro grande desafio para a
família. Rosanilce queria que o filho estudasse em uma escola regular. Então
buscou uma escola em que ele pudesse cursar as disciplinas normais em salas
comuns. Com a ajuda de fonoaudiólogos e psicopedagogos, ela conseguiu adaptar
as avaliações às necessidades do filho.
A mãe de Genilson Filho destacou que as escolas
precisam ter disponibilidade para receber pessoas com deficiência. “Não é
imprescindível que a escola tenha turma especial e professoras com
especialização em educação especial para incluir a criança portadora de algum
tipo de deficiência. O primordial é ter disponibilidade. E a escola onde eu
matriculei Genilson se abriu para ele. Além das disciplinas regulares, ele fez
teatro, coral, robótica”, conta.
Agora, Genilson e a família se preparam para outro
desafio, o IFMA. “O IFMA tem alunos com diversos tipos de deficiência, mas
Genilson vai ser o primeiro com síndrome de Down. Eu já conversei com a
psicóloga da instituição para manter o mesmo padrão que eu tinha na antiga
escola dele e ela disse que receber meu filho será um desafio também para ela,
mas estamos prontos”, afirma a mãe.
Fonte: O Estado do Maranhão
Parabens, Pai e MAe!Isso eh uma conquista de vcs e dele!Estou admirada e muito emocionada.
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